Parte do cotidiano
Quase um em cada quatro
brasileiros (23%) afirma que dar dinheiro a um guarda para evitar uma multa não
chega a ser um ato corrupto, de acordo com uma pesquisa feita pela UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais) e o Instituto Vox Populi. Os números
refletem o quanto atitudes ilícitas, de tão enraizadas em parte da sociedade
brasileira, acabam sendo encarados como parte do cotidiano. As informações são
da BBC Brasil.
"Muitas pessoas não
enxergam o desvio privado como corrupção. Só levam em conta a corrupção no
ambiente público", diz o promotor de Justiça Jairo Cruz Moreira. Ele é
coordenador nacional da campanha do Ministério Público contra a corrupção. Como
lida diariamente com o assunto, Moreira ajudou a BBC Brasil a elaborar uma
lista de dez atitudes que os brasileiros costumam tomar e que, por vezes, nem
percebem que se trata de corrupção. Veja quais são elas:
- Não dar nota fiscal
- Não declarar Imposto de
Renda
- Tentar subornar o guarda
para evitar multas
- Falsificar carteirinha de
estudante
- Dar/aceitar troco errado
- Roubar TV a cabo
- Furar fila
- Comprar produtos
falsificados
- No trabalho, bater ponto
pelo colega
- Falsificar assinaturas
"Aceitar essas pequenas
corrupções legitima aceitar grandes corrupções", afirma o promotor.
"Seguindo esse raciocínio, seria algo como um menino que hoje não vê
problema em colar na prova ser mais propenso a, mais pra frente, subornar um
guarda sem achar que isso é corrupção", diz.
Segundo a pesquisa da UFMG,
35% dos entrevistados dizem que algumas coisas podem ser um pouco erradas, mas
não corruptas, como sonegar impostos quando a taxa é cara demais.
Revista Consultor Jurídico, 5
de novembro de 2012
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