ANTIBIÓTICOS - O MAL
QUE ENTRA PELA BOCA DO HOMEM
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Ana
Echevenguá
A indústria
animal está crescendo rapidamente na Ásia, América Latina e Caribe. E, em 2020,
América Latina, Ásia e África serão os líderes na produção industrial de
produtos animais.
Crescendo?
Por quê? Porque nessas “Ilhas de Riqueza” ainda é permitida a produção animal
intensiva com técnicas de confinamentos em cubículos insalubres. As altas
temperaturas, a falta de higiene e a superpopulação facilitam a proliferação de
bactérias. (O professor José Lutzenberger chamava estas granjas de "campos de concentração e extermínio de
animais"). Para sanar o problema, os produtores utilizam hormônios e
antibióticos que, além de evitar infecções, aceleram o crescimento animal.
Vários países do terceiro mundo já enfrentam bactérias
resistentes a antibióticos devido a essa técnica de produção. Com o advento da gripe aviária, a
Câmara dos Lordes, na Grã-Bretanha, admitiu, em seu território, a resistência
humana aos antibióticos advinda da ingestão de carne tratada com essas drogas. E
que tais alimentos viriam dos países latino-americanos. Com a carne do Chile e
Argentina fora importada a Escherichia
coli 0157 (que provoca problemas renais graves), por exemplo.
Por isso,
a antibioticoterapia já está presente em vários países desenvolvidos. A Noruega
nunca permitiu o uso de antibióticos para animais de corte. A Suécia proíbe o uso desde 1986; a
Austrália, desde 2004. A Dinamarca, produtora de 130 milhões de frangos ao ano, desde
meados dos anos 90, baniu o uso de antibióticos para bovinos, aves e porcos. E a
União Européia já interditou a utilização de 2 antibióticos na criação de
frangos.
Isto é fruto da pressão do consumidor que, ciente dos malefícios desse
medicamento ao organismo humano, exige em sua mesa produtos
produzidos segundo altos
padrões de segurança alimentar, de bem-estar animal e de proteção do meio
ambiente. Ou seja, quer alimentos mais naturais,
livres de transgênicos, de agrotóxicos, de
antibióticos...
Mesmo assim, este consumidor consciente está com
problemas. O jornalista Henrique Cortez* trouxe à tona uma notícia assustadora:
mesmo que você não coma carne, que você exija produtos orgânicos, vai ingerir os
antibióticos usados em
animais porque estão presentes nos vegetais cultivadas em solo adubado com
dejetos animais. Apresentou
dados do Environmental Health News:
- “perto de 70%
do total de antibióticos e drogas afins produzidos nos Estados Unidos são
utilizados em bovinos, suínos e aves”;
- cerca de
90% dessas drogas são excretadas na urina ou no estrume;
- a contaminação por antibióticos também ocorre em
vegetais cultivados em culturas biológicas já que o “estrume é largamente utilizado como um
substituto dos fertilizantes químicos na agricultura biológica”.
No Brasil, impera a criação intensiva em cativeiro, com
uso indiscriminado de antibióticos e
outros insumos... A estes problemas sanitários acumulam-se os problemas
ambientais provocados pelo lançamento de dejetos de aves e suínos no solo
e água, sem qualquer tratamento. A bacia hidrográfica do oeste catarinense –
aonde está a maior produção de animais de corte do estado - está morrendo em
decorrência disso.
Mas estes problemas, cuja solução é vital para a
exportação brasileira de carne, não estão na pauta das nossas políticas
econômicas, ambientais e sanitárias.
E o consumidor brasileiro desses
produtos nem pensa em comprar briga com a indústria farmoquímica, nem com os
produtores que apostam nessa droga para aumentar o volume de produção.
Se nos EUA a proibição dos antibióticos
para animais só ocorreu após uma batalha judicial de 5 anos entre laboratórios e
governo, quanto tempo levaria para ser implementada aqui???
Se a proibição parece impossível agora,
há outras coisas que podemos fazer.
Acho que podemos brigar por um programa
de certificação para granjas que criarem seus animais ao ar livre, com
alimentação natural e medicação alopática (já ouviram falar dos probióticos para
animais?).
Podemos
brigar também por um programa de rastreabilidade de aves e porcos (identificação
e monitoramento individual destes do nascimento às prateleiras do supermercado).
Não se trata de ficção científica porque já é aplicado ao rebanho
bovino**.
Além disso, podemos brigar por um
programa sério de rotulagem que nos informe sobre as técnicas aplicadas na
produção dos alimentos expostos para o consumo.
* - artigo ‘Antibióticos usados em animais
são absorvidos pelas hortaliças cultivadas em solo adubado com resíduos animais’
- http://www.ecodebate.com.br/2009/01/13/indice-da-edicao-de-13012009/
Ana Echevenguá, advogada
ambientalista, coordenadora do programa Eco&Ação, presidente da ong
Ambiental Acqua Bios e da Academia Livre das Águas, e-mail: ana@ecoeacao.com.br,
website: www.ecoeacao.com.br
Ana Echevenguá - advogada ambientalista -
coordenadora do programa Eco&Ação - www.ecoeacao.com.br
- telefone 48 88133380/91343713 - Florianópolis - SC.
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