Américo Marques Canhoto, médico
Num planeta predominantemente aquático, somos
constituídos basicamente desse elemento. Nosso comportamento beira à
esquizofrenia: seres mais aquáticos do que terrestres, desprezamos o principal
elemento que nos dá forma e permite a vida em 3D.
Haverá, no cosmos, seres tão ingratos e estúpidos
quanto nós?
Água é quase sinônimo de vida, basta observar a relação entre ela e os outros elementos presentes em todos os seres vivos.
Gulosamente nos preocupamos com a alimentação e
pouco ou nenhum valor lhe damos, principalmente os viciados em sabor doce que
só bebem sucos e refrigerantes.
Esse distúrbio se deve em parte à ciência médica: introduzir sucos na dieta infantil. Com um quase desprezo pela água e sua qualidade, criou um DNA cultural difícil de ser erradicado e que contribui, de forma decisiva, para a desvalorização nos cuidados em manter saudável o principal elemento do nosso corpo planetário e do próprio organismo físico: a água.
As pessoas comuns acham um absurdo que uma garrafa
de água de custe o mesmo preço que uma de refrigerante ou suco.
Na dúvida entre uma verdade científica da moda e
outra, prefiro ficar sempre com a da mãe natureza. Fruta é para comer; se fosse
para beber, já vinha engarrafada na árvore.
É possível sobreviver alguns meses sem comer; mas,
sem água duramos poucos dias.
Para manter um estado de sanidade necessitamos mais
de água do que de alimento.
Apenas algumas de suas funções:
1. transportar nutrientes celulares;
2. carrear restos do metabolismo jogando-os fora,
excretando-os;
3. regular o equilíbrio ácido - básico;
4. transportar energia vital para as células.
Além disso; é um importante condutor das energias
da natureza. Percebemos como “recarregamos as baterias” estando à beira-mar,
próximos de cachoeiras ou durante o banho, quando logo desaparece a sensação de
cansaço.
Gulosamente, é comum confundirmos a ingestão de
líquidos com água. Mas, suco não é água; chá não é água; refrigerante não é
água. Alguém que bebe num dia dois litros de suco ingeriu dois litros de
líquido e zero de água.
Fervida ou “tratada” perde suas propriedades
vitais. Mesmo com o problema de transporte, armazenamento e contaminação pelo
plástico das embalagens, na relação custo/benefício, ainda é interessante fazer
uso de água mineral sempre que possível.
Atenção, naturebas de plantão: cuidado com o uso
abusivo de chás sem saber qual é a indicação, forma de uso; e por quanto tempo
deve ser tomado. Pois só devem ser bebidos com conhecimento de sua finalidade
terapêutica.
Juízo, “acadêmicos corporais” e atletas da moda: o
uso freqüente de bebidas enriquecidas de sais minerais pode comprometer a
função renal. E, a todo o momento, vemos crianças usando-as como se fossem
água, até sem praticar esporte.
Mesmo o consumo de sucos naturais deve ser
consciente quanto à quantidade e finalidades. Pois, tudo que em pequena
quantidade cura em quantidade maior pode fazer mal. Sob a “isca de marketing”
da extremamente oxidável vitamina C, o suco mais consumido é o de laranja, que
é danoso à saúde de muitas pessoas. A laranja é fruta de excepcional valor
alimentício curativo, rica em fibras. Certamente, consumir laranja é bom para
manter a saúde. Mas, o que é “comer” laranja? É mastigar, mastigar bem, engolir
o bagaço e jogar fora apenas o caroço. Ao comermos laranja, conseguimos devorar
apenas uma ou duas. Já, quando se trata de chupar laranja uma só não basta. E
só nos satisfazemos com duas ou três. O suco dela contém o sumo de seis ou
sete, cuja acidez e fermentação é danosa à saúde. Certamente, respeitada a
tolerância individual. Além disso, é uma lavoura muito envenenada por
agrotóxicos. (Quem esfrega e lava a laranja antes de descascá-la ou de
espremê-la?)
Sucos artificiais que imitam o sabor das frutas
dispensam comentários. Ccomo disse o sábio Jesus: “não dê pérolas aos
porcos...”
Preservar a vida implica necessariamente em
preservar a qualidade da água.
Sem dúvida, ao menos algumas das previsões de
seleção humana em andamento vão se concretizar. E tudo leva a crer que uma das
formas que o Planeta vai encontrar para faxinar em larga escala os seres
humanos de pouca qualidade que o habitam será a água.
Não se trata apenas de economizar água. Mas,
principalmente cuidar da sua qualidade.
As besteiras que fazemos nos cuidados com a água são
as mesmas que fazemos nos cuidados com nossa saúde. Não adianta submeter
periodicamente a água a mil exames e tratá-la com remédios e venenos.
É preciso cuidar dela com inteligência e amor.
Todo juízo é pouco. Embora a Justiça Natural seja
eminentemente educativa - e não punitiva - ela jamais esquece nem perdoa sem
reparação.
Quem quiser bancar o filho pródigo, esteja à
vontade. Será bem recebido de volta à Nova Terra, na renovada casa do Pai. Mas,
antes vai ter que comer o pão que o diabo amassou em pocilgas cósmicas secas...
bem secas.
Nestas bandas do Universo, água é sinônimo de vida.
O que está fazendo da sua?
Namastê.
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